[Resenha] Dançando Sobre Cacos de Vidro

Sinopse: Lucy Houston e Mickey Chandler não deveriam se apaixonar. Os dois sofrem de doenças genéticas: Lucy tem um histórico familiar de câncer de mama muito agressivo e Mickey, um grave transtorno bipolar. No entanto, quando seus caminhos se cruzam, é impossível negar a atração entre eles.

Contrariando toda a lógica que indicava que sua história não teria futuro, eles se casam e firmam – por escrito – um compromisso para fazer o relacionamento dar certo. Mickey promete tomar os remédios. Lucy promete não culpá-lo pelas coisas que ele não pode controlar. Mickey será sempre honesto. Lucy será paciente.

Como em qualquer relação, eles têm dias bons e dias ruins – alguns terríveis. Depois que Lucy quase perde uma batalha contra o câncer, eles criam mais uma regra: nunca terão filhos, para não passar adiante sua herança genética.

Porém, em seu 11° aniversário de casamento, durante uma consulta de rotina, Lucy é surpreendida com uma notícia extraordinária, quase um milagre, que vai mudar tudo o que ela e Mickey haviam planejado. De uma hora para outra todas as regras são jogadas pela janela e eles terão que redescobrir o verdadeiro significado do amor.


Título Original: Dancing on Broken Glass
Autor: Ka Hancock
Páginas: 
336
Acabamento: 
Brochura
Selo/Editora: Editora Arqueiro
Classificação:
 5/5

 Antes de qualquer coisa, se você quer ler esse livro, compre uma caixa – ou uma dúzia delas - de lenços de papel, pois acredite, você vai precisar. A sinopse já nos dá uma noção do motivo disso: Lucy Houston, com um histórico de câncer devastador que matou tanto sua avó, quanto mãe e tia, e Mickey Chandler, que sofre de transtorno bipolar, cuja mãe morreu da mesma doença e ao longo de sua vida passou por várias internações na ala psiquiátrica do hospital estadual. Duas pessoas como essas nunca dariam certam juntas, correto? Errado.

O começo do livro foca mais quando Lucy e Mickey se conhecem no 21º aniversário da protagonista, e através de um recurso muito peculiar, temos o ponto de vista de ambos no livro, que torna a história mais emocionante, pois conseguimos ver claramente o que se passa na mente e coração deles. Lucy – até o final do livro- é a narradora principal, e Mickey narra alguns acontecimentos através de cartas que o ajudam em sua terapia até o momento final do livro, onde ele ocupa a posição de narrador de Lucy.
“Usei o caderno de estudos sociais, certo de que ele veria, porque Deus tudo vê. Escrevi durante horas, até minha mão doer. Escrevi a noite toda. Apenas duas palavras – por favor. 9.871 vezes.” - Mickey Chandler

Amor, morte, doença e superação. Essas quatro palavras descrevem a história do livro como um todo. Ele convive com o medo de perder a esposa contra o câncer e luta diariamente para não ter crises e se afundar no abismo dela. Ela, convive exatamente com os mesmos medos e receios, porém em seu ponto de vista. Quando começamos a ler, logo reparamos que não se trata de um romance comum que encontramos livros a fora, onde tudo é quase sempre perfeito, inclusive os protagonistas. Mas sim de um amor realista entre duas pessoas completamente imperfeitas e que lutam dia pós dia para manterem esse amor vivo.

“Ele me deu um beijo apaixonado e tudo parecia certo no mundo.” - Lucy Chandler

Lucy, 6 anos antes, lutou e venceu um câncer que por pouco não tirou sua vida e isso foi determinante  para que tanto ela quanto Mickey decidissem não ter filhos, pois além da criança provavelmente herdar a genética de ambos, eles se consideravam incapazes de serem pais. Porém, em uma de suas várias consultas preventivas com Dra. Charlotte – medica e amiga de longa data da família- descobre que o impossível aconteceu: Estava grávida. E esse acontecimento é o divisor de águas na história e influencia diretamente o restante dela. É a partir daí, que você deve correr e pegar a primeira caixa de lenços de papel.

A escrita do livro é envolvente e sem qualquer tipo de erro ou complicação existente. A única coisa que talvez seja a exceção sejam os diversos nomes de medicamentos presentes tanto na narração de Mike quanto na de Lucy, mas fora isso, qualquer pessoa possui a capacidade de ler e entender cada caractere expresso nas páginas.

A essência do livro se baseia no conceito de morte, e isso é mostrado logo na primeira linha do prólogo. Mas não se deprima ou se assuste. Neste livro, a morte é nada mais nada menos o curso natural da vida, e durante todo livro é passado o conceito que nunca devemos temer a morte, pois ela não se trata do fim, mas sim de um começo de uma nova vida. Você vai chorar muito na segunda metade do livro? Vai. Mas garanto que por menor que seja você verá a morte de uma forma diferente do que sempre imaginou. Isso vale também para o conceito de doença. Como disse anteriormente, nada nesse livro é descrito de forma perfeita e você não será poupado daquilo que você está destinado a ler nele. Mas assim como a morte, o livro nos ensina que a doença faz parte da vida, e se estamos destinados a tê-la, ou morrer por causa dela, nossa missão aqui foi cumprida e nada do que deixamos aqui foi em vão.

 “Lulu, tem três coisas sobre a morte que posso lhe garantir. Juro que a morte não é o fim. Parece que é, e é por isso que as pessoas choram, mas não é o fim. E não dói. Finalmente, quando não temos medo da morte, Lu, podemos esperar por ela e estar preparados. Você acredita em mim?” - James Houston (Pai de Lucy)

Não deixemos de lado o romance, pois ele existe sim. Quer coisa mais romântica do que duas pessoas cheias de medos e defeitos estarem juntas e se amando como se fosse a primeira vez, depois de 11 anos de lutas cruéis contra duas doenças ingratas? Apesar das dificuldades enfrentadas em todo o decorrer da história, a única coisa que não faltou em uma página sequer, foi o quanto Mickey e Lucy se amam e o quão certo era ambos estarem juntos. E não é exagero, você percebe de longe que ambos são a vida e o motivo do outro se levantar a cada manhã, na esperança que aquele dia seja repleto de amor e cumplicidade e que nada atrapalhe aquela harmonia.

"A verdade é que acho que amei Mickey desde o momento em que o vi. Graças a Deus, porque agora não consigo me imaginar amando - ou sendo amada por - outra pessoa. Apesar dos revezes sei que escolheria Mickey de novo." - Lucy Chandler

Os personagens secundários são de suma importância para a história, pois eles são o alicerce do casal, e embora sejam um numero razoável, a autora faz com que você se apaixone e se apague a cada um deles. Lily, Priss, Dr. Gleason, Dra. Charlotte, Ron, Jan, Harry, etc. Cada qual tem importância vital na vida do casal e serão ainda mais importantes no final do livro.

Falando no tão esperado final do livro: Você vai chorar e muito, mas como disse mais de uma vez nesta resenha, o livro não retrata uma história perfeita, logo não podemos esperar um final perfeito. Mas o final do livro também nos ensina algo importante e contraditório: O amor não pode curar, mas ao mesmo tempo ele cura. Sim, contraditório, mas quando você terminar de ler o livro e a sua dúzia de caixas de lenços, você entenderá. Não há muito que ser dito do final, você consegue captá-lo logo na metade do livro e alguns pontos cruciais ficam soltos, pontos esses que não deixam de ser menos importantes, porém, a “base”, o “grosso”, fica claramente explicito, tão explicito que se prestarmos atenção, ele está estampado na capa do livro. Mas isso é outros 500. 

O que posso dizer é que esse livro, além de nos trazer um conceito completamente diferente de amor, morte, doença e superação, serve como uma lição de vida, pelo menos em meu ponto de vista. Você verá a vida um pouquinho diferente que antes, isso se absorver e captar a essência da obra de Ka Hancock, e espero que você consiga, pois a obra vale a pena em cada caractere.

“Lucy, todo casamento é uma dança: complicada às vezes, maravilhosa em outras. Na maior parte do tempo não acontece nada de extraordinário. Com Mickey, porém, haverá momentos em que vocês dançarão sobre cacos de vidro. Haverá sofrimento. Nesse caso, ou você fugirá ou aguentará firme até o pior passar.” - Dr. Gleason


Boa leitura!


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1 comentários :

  1. Dançando Sobre Cacos de Vidro está na minha lista dos livros que pretendo ler em 2015 , ótima análise ! Parabéns !

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